sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Conto - Nicolau, o Cabeleireiro do Inferno


Misturando elementos literários de A Limpeza de Lívia e Executivos da Meia-noite, decidi escrever esse novo Conto. Nicolau, o Cabeleireiro do Inferno é uma narrativa forte, com muito terror e violência. Mas em alguns momentos acaba sendo um Conto engraçado e irônico, com muitos trechos inspirados no cinema Trash.

Espero que gostem. Ah, e não esqueçam de fazer a barba, o cabelo e o bigode! rsrsrs.



NICOLAU, O CABELEIREIRO DO INFERNO


Onze horas da noite e Marcos, um catador de lixo, está passando na pacata Rua Batista Oliveira. Ele começa mexer nas lixeiras, recolhendo materiais recicláveis e restos de comida de cada casa. Seria mais uma noite normal de trabalho, se não fosse a estranheza do lixo do pequeno salão de beleza, número 666, na esquina da rua.

Ao redor do saco de lixo há uma poça de sangue com três velas vermelhas e um celular vibrando. Marcos se aproxima para revirar o saco e já percebe um cheiro de carniça muito forte no ar. De repente, um urubu se aproxima e ataca-o, com uma bicada violenta na cabeça.

Marcos tenta espantar o urubu faminto com um pedaço de pau que estava jogado na rua. Ele começa a arrebentar a cabeça do urubu de paulada e enfia o pedaço de madeira na barriga da pobre ave, que morre gemendo de dor. Marcos pega a ave morta, joga no seu carrinho velho e decide atender o celular que vibra insistentemente:

- Alô, quem tá falando? Caralho!

Uma mulher desesperada começa a falar gritando:

- Lucas, Lucas, é você? To muito preocupada amor, onde você está? Você tá bem?

Marcos, chutando as velas vermelhas responde:

- Cala a boca putinha desgraçada!

Nesse momento, Marcos rasga o saco e se depara com uma cena horrível: um corpo esquartejado em decomposição, uma peruca loira e uma cabeça raspada com dois cortes profundos formando uma cruz. E o mais estranho, tesouras espetadas nos olhos, nas orelhas, na boca e no nariz da vítima.

- Nossa! Quem fez essa porra? Meu Deus, que bosta.

A mulher na linha começa a chorar e fala:

- Quem é você? Cadê o Lucas? O que aconteceu moço? Por favor, me falaaaa...

Marcos desliga o celular e enfia na cueca. Ele pega a peruca loira suja de sangue e põe na cabeça, fecha o saco com o corpo em pedaços, coloca-o no seu carrinho e vai embora dizendo:

- Bom, pelo menos vou ter um celular e alguma coisa pra comer hoje. E essa porra de peruca dá pra vender aí pra algum cabeleireiro.

Seis horas da tarde, Lucas está muito contente, pois foi convidado para ser padrinho de casamento do seu melhor amigo. Ele sai correndo do trabalho para ir tomar um banho e se arrumar para a cerimônia. Enquanto isso, sua esposa Lúcia o espera ansiosamente.

No caminho, quase chegando em casa, Lucas decide cortar o cabelo rapidinho num salão que ficava de esquina, duas ruas acima de sua casa. Era o salão do Seu Nicolau, um senhorzinho gordo de 70 anos, aposentado e que complementava a sua aposentadoria miserável fazendo a barba, cortando cabelo e inventando novos penteados para uma pequena clientela.

Seu Nicolau estava abaixando a velha e enferrujada porta de aço de seu estabelecimento, quando, de repente, Lucas chega gritando:

- Eiii amigão, por favor, espere! Será que ainda dá tempo de cortar a juba rapidinho? Sabe como é né? Tenho casamento daqui a pouco e vou ser padrinho. Quero chegar bem arrumado lá.

Seu Nicolau levanta a porta e olhando fixamente nos olhos de Lucas responde:

- Rapaz, já vai dar sete horas da noite, tive muito trabalho, to cansado. Tem certeza que você quer cortar a cabeça hoje? Digo, o cabelo?

- Preciso cortar hoje, te pago o dobro. Respondeu Lucas mostrando sua carteira.

- Tá bom, entra aí e senta na cadeira. Vou fechar essa porta pra ninguém mais aparecer por aqui. Meu expediente por hoje está encerrado.

Seu Nicolau trancou a porta, acendeu as luzes, começou a rir e disse para Lucas:

- Vou fazer um corte especial em você moleque e não precisa me pagar com dinheiro, você irá me pagar com algo muito mais valioso.

Lucas, achando que era brincadeira do velho, disse:

- Que isso Tiozão? Vai querer comer meu rabo? Sou macho, porra!

Seu Nicolau não parava de rir e disse para Lucas esperar um pouco, pois iria ao banheiro defecar. Nesse instante, o velho ligou o rádio e aumentou o volume, estava tocando Smells Like Teen Spirit do Nirvana.

Lucas, sentado na cadeira, começou a olhar o salão pelo espelho e achou algumas coisas esquisitas. Havia uma prateleira cheia de velas vermelhas, uma parede com muitas perucas loiras e uma foto grande e horripilante de um boi comendo um bebê. Era um lugar sombrio e estranho, cheirava mal e no chão estava escrito, com tinta preta: Bem-vindo ao Inferno!

Nicolau sai completamente nú do banheiro, assobiando a música do Nirvana. Lucas, já arrependido de estar naquele lugar macabro, pula da cadeira e começa a gritar:

- O que é isso? Seu velho maluco, psicopata do inferno. Abre essa porta do caralho, quero ir embora daqui.


Nicolau abre uma gaveta, pega uma arma de choque e aponta para Lucas:


- Cala a boca, moleque! Se comporte, tenho que cumprir o meu trabalho aqui na Terra. Foi você que veio atrás de mim e agora tem que aguentar as consequências. Vou te deixar bem bonitinho para o casamento, será um padrinho muito elegante, o padrinho do capeta!


Nicolau dá vários choques em Lucas, que cai no chão e começa a se contorcer.


-Ai, ai, socorro, socorro! Seu velho miserável, filho da puta. Por que tá fazendo isso? Você precisa de tratamento, você é doente, seu psicopata. Ai, ai, ai, alguém me ajude!


Depois de muitas descargas elétricas, Lucas desmaia e Nicolau amarra-o na cadeira, com cabos de aço. É chegada a hora de começar o corte macabro, de fazer barba, cabelo e bigode!


O velho cabeleireiro psicopata passa a maquininha zero e depois raspa com uma lâmina super afiada a cabeça de Lucas. Ele aumenta ainda mais o volume do Rádio, pega um facão e faz dois cortes profundos na careca do rapaz, formando o sinal de uma cruz. Nesse momento, o sangue começa a esguichar para todos os lados, manchando de vermelho o espelho e o corpo nú de Nicolau.


O rapaz acorda, meio tonto, e começa a gritar de dor. Ele tenta se soltar da cadeira, mas não consegue:


- Aaaaiiii minha cabeça, socorro, socorro! O que eu fiz para merecer um castigo assim? Eu só queria cortar o cabelo, porra!


O velho dá risada e começa a lamber a cabeça ensanguentada de Lucas, dizendo:

- Calma filhinho, calma! Você ainda não viu nada, isso é só o começo. Vou colocar uma peruca loira maravilhosa em você para tampar esse ferimento. E então começaremos o ataque das tesouras malditas, ao som de Nirvana. Você está sendo o melhor cliente do dia. To super feliz!

Lucas, sofrendo de tanta dor, começa a chorar. Nicolau pega uma de suas perucas loiras, esfrega na bunda e no seu órgão genital e depois coloca na cabeça do Moço. O Relógio marcava oito e meia da noite, a hora do ataque das tesouras malditas.

Nicolau abre um baú de ouro com seis grandes tesouras afiadas. Ele pega a primeira tesoura e começa a chupa-la. De repente, o celular no bolso de Lucas toca e o velho atende:

- Como ousa interromper o sagrado ritual satânico do cabeleireiro do inferno?

Na linha está Lúcia, a esposa de Lucas, que fala desesperadamente:

 - Amor, amor, você está bem? Quem é você? Que ritual é esse?

O velho responde grosseiramente:

- Em breve você irá encontrar o seu maridinho no inferno. Não ligue mais sua cadela sem vergonha.

Lucas gritava para Lúcia ouvir:

- Amor, to aqui, liga para a polícia. Socorro! Socorro!

Nicolau dá três socos na cara do Rapaz, desliga a ligação e coloca o celular no modo silencioso. Pega uma das tesouras e enfia na boca de Lucas, o sangue jorra pelo salão:

- Toma moleque malcriado, primeira tesourada na boca. Se prepara para as próximas.

O psicopata pega a segunda tesoura, passa a língua nela e enfia no nariz do jovem sofredor, que já está inconsciente. Restam quatro tesouras no baú. Nicolau pega mais duas e enfia uma em cada olho. A face de Lucas está totalmente desfigurada. Nicolau fala, esbanjando alegria:

- Pelos poderes macabros do além! Só faltam duas tesourinhas Luquinhas, uma em cada orelhinha!

Uma risada diabólica e palavras em Hebraico são proferidas pelo terrível senhorzinho cabeleireiro.

O velho enfia as duas últimas tesouras, uma em cada orelha do moço e começa a falar gritando:

- Pronto, pronto! Chegou a hora do Grand Finale, a decapitação e o esquartejamento!

Já passa das nove horas da noite e Nicolau começa a fotografar sua vítima amarrada na cadeira, cheia de tesouras enfiadas no rosto e com uma peruca loira. O salão está lavado de sangue. Fotografando aquela cena aterrorizante, o velho senti vontade de se masturbar e começa a gemer.

Depois de se satisfazer sexualmente, Nicolau pega novamente o facão e decapita Lucas. Em seguida começa a cortar em pequenos pedaços o corpo do jovem. Ele coloca tudo num saco preto de lixo, dá um nó bem forte na ponta e o coloca no chão, próximo a lixeira de seu vizinho. Pega três velas vermelhas e as acende em volta do saco, dizendo:

- Hoje o dia foi bom, me rendeu bons frutos, só posso agradecer e ir dormir feliz, pois amanhã tem mais trabalho para realizar. Mais barba, cabelo e bigode para fazer!

Quando Nicolau estava entrando para o seu salão, se lembrou do celular, que por sinal não parava de vibrar. Era Lúcia e familiares preocupados com Lucas que estavam ligando incansavelmente. O velho pegou o celular, cuspiu na tela e o jogou perto do saco.

O velho psicopata começou uma faxina pesada no salão, precisava tirar todo aquele sangue das paredes, do chão e do espelho para o dia seguinte. Já estava próximo das Onze horas da noite e Nicolau fecha a pesada porta enferrujada, dizendo:

- E aí, você já cortou o seu cabelo? Estou te esperando ansiosamente no meu humilde salão de beleza. Venha sem medo, venha para o Titio Nicolau, não vai doer nadinha!
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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Texto - Tubulação da Mente


   Tubulação da Mente                              

Desce pela tubulação da sua mente litros e mais litros de um líquido espesso, preto e sujo todos os dias. Você começa a viver em outro mundo e não quer interferir no funcionamento desse sistema. O controle remoto te dá uma falsa sensação de liberdade, mas nessa grade de programação enferrujada o controlado é você.

Percorrendo a tubulação, esse líquido entope os poucos neurônios que ainda te restam e a sua pressão aumenta cada vez mais. Você acredita que é o melhor, que está na moda, que tem dinheiro para comprar o que quiser e que pode conseguir tudo fácil. Nesse instante, o líquido já começa a escorrer pelos seus olhos, a vazar pelos seus ouvidos e a sufocar o seu nariz.

Pela sua boca não saem mais palavras e sim o vômito do líquido da ignorância. Você está saturado, com a tubulação cheia. Um dia você não aguenta mais e decide escapar, mas tem preguiça de pensar e não consegue agir. Talvez seja mais cômodo ficar parado e receber “informação”.

Às vezes, num dia sem energia, surge um choque de realidade refletido na tela apagada. Surge então uma pequena chance de escapar, de fugir da alienação. Mas, no fundo, você não quer sair do mundo da ilusão.

Pronto! Já chega, acho que consigo mudar de canal.


Vídeo que inspirou a criação do Texto Tubulação da Mente






quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Espaço Musical - Tema: Abstrai, deixa pra lá!

Muitas vezes ficamos preocupados com o julgamento dos outros, com algumas críticas sem fundamento que recebemos ao longo da vida e com opiniões de pessoas que não nos conhecem muito bem. Muitas vezes vivemos conforme o outro determina, conforme um padrão imposto pela sociedade e acabamos deixando de lado a nossa verdadeira personalidade.

Essa música expressa muito bem o que precisamos fazer em determinados momentos da nossa vida. Vamos aprender com as críticas importantes que recebemos e ABSTRAIR aquelas que não nos acrescentam nada, aquelas que nos impedem de avançar e viver com identidade própria.

"Deixa pra lá, esquece e abstrai
Releva e põe uma pedra em cima disso aí e vai."





sábado, 11 de agosto de 2012

Trabalho de Faculdade - Roteiro de Radionovela


Essa Radionovela foi um Trabalho realizado para a Matéria Criação Publicitária, do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, da Universidade Anhembi Morumbi.

Dedico esse Trabalho para o Professor Paulo Manetta, um grande Mestre, que fez uma participação especial nesse Roteiro maluco que criei.

Também gostaria de mandar um abraço para o meu Grupo de Faculdade, que ajudou na criação do Roteiro.



Roteiro da Radionovela – Betão, o azarado!


Narrador – Duas horas da tarde, na clínica psicológica do Doutor Oswaldo, chega numa cadeira de rodas seu mais novo paciente: Beto.

Dr. Oswaldo – Então Beto, poderia me contar a sua história, o motivo que o trouxe aqui? Fique à vontade.

Beto – Bom, tudo começou há duas semanas, na sexta-feira 13...

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Narrador – Beto decide se encontrar pessoalmente com sua amante Mariana, que tinha conhecido pela internet, num chat.

Beto – Opa, hoje o trabalho que espere, vou entrar mais tarde, agora eu vou ao encontro de minha gatinha uhuuu!

Narrador – Beto pega seu carro, se despedi de sua mulher e parte para o encontro. Eles marcaram numa praça ao lado do Shopping. Chegando lá, Beto sai do carro e espera Mariana. Mas um negão alto e forte se aproxima.

Negão – Fala Betão, demorei muito? Pensou que ia encontrar uma gatinha é, olha o tamanho da quadrada que eu tenho aqui na cinta, caralho!

Beto – O que? Você tá procurando alguém? Como sabe o meu nome? Olha deve ser algum engano.

Narrador – O negão logo puxou uma pistola de grosso calibre e roubou a carteira e o carro de Beto. Muito triste, Beto segue a pé para o trabalho que é do outro lado da cidade.

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Narrador – Chegando na Metalúrgica bem atrasado, Beto é chamado no alto-falante.

Alto-Falante – Atenção funcionário Roberto Pereira da Silva, comparecer a diretoria da fábrica com urgência.

Narrador – Na sala do chefe, Beto recebe a triste notícia.

Chefe – Bom, senhor Roberto, infelizmente estamos fazendo um corte de funcionários e por motivo de faltas e atrasos o senhor está demitido.

Beto – Como assim? Mas chefe, eu tive uma manhã péssima. Já comecei o dia me fudendo e agora mais essa? Pela madrugada viu! Me dá um tiro logo na cabeça, porra!

Chefe – Acalme-se e passe no RH. Tenha um ótimo dia, tchau!

Narrador – Beto saiu e bateu a porta do escritório com tudo.

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Narrador – Depois de andar cerca de 15 km a pé, todo exausto e abatido, Beto chega em seu apartamento. Mas quando abre a porta de seu quarto toma um susto. Ele pega a sua mulher transando com o seu professor da faculdade.

Som de uma mulher gemendo.

Professor Manetta – Tomaaa, isso, vai!

Beto – Mas que porra é essa? Fui assaltado de manhã, fui mandado embora daquela bagaça, andei 15 km a pé e agora encontro o Manetta aqui? Vai tomar no cú, aaaaaah!

Professor Manetta – Opa Betão, menininha moça show de bola heim! Já tá garantido cinco pontos na prova final. Mas, puta bicho, troca essa cama e esse colchão velho do caralho!

Beto – Nãoooo acreditooo, abre a janela, abre a janela, vou me matar, aaaaaah!

Narrador – Beto salta pela janela do 32º andar e se espatifa no chão. Mas não morre.

Beto – Ai ai aiii, que porra ainda to vivo, mas não consigo mexer minhas pernas. Nãoooooooo, socorro, socorro!

Narrador – Beto não morreu, mas ficou paraplégico.

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Narrador – Duas semanas depois, lá estava Beto no consultório do psicólogo Oswaldo.

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Beto – Bom, Doutor Oswaldo essa foi minha história, meu dia de azar. Ufa, sorte que agora tô aqui com o senhor. Meu amigo me indicou essa consulta psicológica baratinha, por 50 reais né?

Dr. Oswaldo – Beto, deve ter ocorrido algum engano, você entendeu errado. Na verdade são oito parcelas de 50 reais a consulta.

Beto – Nãoooooooooooooo, aaaaaah!

Narrador – Fim

Trilha Sonora – The Trashmen – Surfin’ Bird



Roteiro: Ronaldo Antonio

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Texto - Operário do Sistema

Operário do Sistema

Acorda ainda de noite
Veste a mesma roupa furada
Come um pão velho
Fecha a porta do barraco
Sai em direção ao Ponto de Ônibus

É esmagado e sufocado pela dor
O trem abre as portas
Enxerga uma massa cinza
Uma sirene indica o destino
A caminhada em fila é longa

Registra o ponto
Coloca o uniforme
Entrega a vida
Vende a liberdade por tão pouco
A alienação é absoluta e sem direção

Aperta parafusos
Digita códigos
Comercializa ilusões
Enriquece o Patrão um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...

Reclama da vida
O chefe quer mais e mais
Eles não estão satisfeitos
Você é um lixo
Já se passou metade do dia

A fome bate e a marmita abre
A comida desce às pressas
Retorna, volta, senta
Produz o “Nada” um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...

Já deu a hora, mas é preciso continuar
Já é tarde, mas não pode parar
Mais uma sirene que indica o fim
O final de apenas mais um capítulo
Esse livro é eterno?

Já é de noite
Tira o uniforme
Registra o ponto
A caminhada em fila é longa
A alienação é absoluta e sem direção

A porta da firma nunca é fechada
O trem abre as portas
Enxerga uma massa cinza
Uma sirene indica o destino
Vai em direção ao Ponto de Ônibus

Abre a porta do barraco
Cansado, cansado
Come um pão velho
Dorme e não consegue mais sonhar
Você é um lixo

É esmagado e sufocado pela dor
Vende a liberdade por tão pouco
Os dias, meses e anos se parecem
Não existe ponto final
A vida se derrete levemente

Mas a engrenagem não pode parar
Enriquece o Patrão um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...
Entrega a vida um pouco mais
Um pouco mais, um pouco mais...

Já chegou o amanhã
Volte para o início do texto e releia!



Imagens do Filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin.

Esse texto é inspirado no Conto O Arquivo de Victor Giudice.

Provocações - A Incapacidade de Ser Verdadeiro (Carlos Drummond de Andrade)