quinta-feira, 24 de setembro de 2015
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Conto de Terror - Vingança do Além
Vingança do Além
Por volta de meia-noite, com a TV
ligada, Dona Marlene cochila no sofá da sala. Batendo a porta com força entra
Júlia, a sua filha mais nova. Ela está angustiada e chorando muito. A mãe tenta
acalmá-la e pergunta o que houve, mas a filha está arrasada e se sentindo
culpada pelo ato terrível que acabara de cometer. Depois de tanto desespero,
enfim, as duas sentam e conversam.
Dona Marlene fica em estado de
pânico após ouvir o triste relato de sua filha e diz que tudo isso pode causar
marcas profundas na vida da adolescente. O clima foi o pior possível naquela
madrugada de terça-feira. Um fato lamentável que definitivamente afetou o
futuro de Júlia.
Seis anos depois, lá está Júlia
dirigindo a sua velha caminhonete azul, com o som no último volume e sua gata
Charlote deitada no banco do passageiro. Toda animada e feliz, a jovem segue
pela pacata estrada Belmiro Fontes rumo à casa de um novo namorado que
conhecera há poucos meses pela internet. A viagem é longa, em média oito horas
seguindo por povoados pouco habitados e estradas em péssimas condições. Mas
para Júlia, que estava perdidamente apaixonada, isso tudo era um desafio fácil.
Onze horas da noite, o tempo
chuvoso dificulta dirigir numa estrada toda esburacada e com sinalização
precária, por isso Júlia redobra a atenção. A gata Charlote começa a ficar
inquieta, como se estivesse pressentindo algo estranho. A gata começa a pular e
arranhar o banco e os vidros do carro. Júlia desliga o rádio e tenta acalmá-la,
mas uma sequência de coisas esquisitas e bizarras acontece.
Charlote fica em pé no painel e
olha fixamente nos olhos de sua dona, demonstrando um olhar frio e maligno. Sem
hesitar, ataca com as unhas o pescoço de Júlia, que pisa bruscamente no freio e
para o carro. A gata cai no banco e fica se contorcendo e gemendo de dor, como
se estivesse possuída por um espírito perverso. De repente inúmeras larvas,
moscas e besouros começam a sair da boca, do nariz, dos olhos e das orelhas de
Charlote. Os insetos começam a devorar, sem piedade, a pobre bichana.
Júlia chora e fica apavorada, sai da
caminhonete e corre em direção a um casebre na beira da estrada para pedir
ajuda. Ao chegar, uma menina aparentando ter uns cinco ou seis anos abre a
porta e com uma voz alegre, diz:
- Eu sabia que viria me buscar,
senta aqui e espere, tenho um presente pra você.
Júlia acha tudo muito estranho,
senta num banco de madeira e começa a observar a sala. Ao seu redor manchas de
sangue nas paredes, uma maca hospitalar enferrujada, bisturis e seringas no
chão e muitos sacos de lixo acumulados. O casebre só tinha dois cômodos e um
banheiro imundo, o cheiro de enxofre tomava conta do ambiente.
A menininha voltou com uma caixa
embrulhada para presente e entregou à Júlia, que logo abriu e ficou chocada com
o que tinha dentro, a cabeça de Dona Marlene, sua mãe, com um bilhete na boca
escrito com sangue: “Vingança”. Uma cena macabra que causou uma confusão mental
muito grande em sua mente.
Júlia jogou a caixa no chão e
tentou bater na menininha, que misteriosamente desapareceu num piscar de olhos.
O casebre começa a pegar fogo do nada. Seria tudo uma ilusão de sua cabeça?
Como explicar? Ao sair correndo em meio às chamas, Júlia vai em direção ao
carro e sente fortes dores e contrações no abdômen. Ela deita no chão, levanta
a blusa e se assusta com o símbolo de um pentagrama invertido tatuado em sua
barriga. O seu carro liga sozinho e sai em alta velocidade, deixando a pobre
jovem nesse deserto de horrores.
A jovem olha novamente para o
casebre em chamas e ele também desaparece, assim como a menininha, num piscar
de olhos. De repente, o céu fica vermelho e começa a chover sangue. Júlia grita
desesperadamente por socorro, mas tudo é em vão, ela se lembra do ato terrível
que cometeu há seis anos.
A caminhonete volta em alta velocidade
em sua direção e com uma freada brusca para em sua frente. De dentro do carro
sai a mesma menininha estranha do casebre, toda machucada e suja, com um facão
na mão. Ela olha no fundo dos olhos de Júlia e diz:
- Eu só queria nascer mamãe, mas
você foi egoísta demais e não quis saber de mim. Eu só queria um pouco de amor
e carinho. A minha alma não descansa em paz por sua culpa. Por que fez aquele
aborto abominável? Agora chegou a hora de uma vingança do além, mamãe!
A menina levanta o facão e corta a
cabeça de Júlia, que sai rolando pela beira da estrada.
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