Toda noite eles entram na empresa carregando espadas, machados de ouro, facas douradas e baldes com sangue de cachorro. São senhores empresários bem sucedidos. Junto com eles esta noite estão o governador, o prefeito e uma menina negra aparentando ter uns sete anos.
Numa sala de reunião eles acendem velas, tiram as roupas e se banham com o sangue. O governador liga o aparelho de som numa ópera e um dos executivos amarra a menina na grande mesa de mármore branco. Com a espada o senhor fura os olhos da pobre garota, que grita desesperadamente de dor. O prefeito afia o machado, pronuncia palavras em hebraico e num golpe certeiro corta a cabeça da menina.
No canto
da sala alguns executivos praticam orgia sexual, enquanto o prefeito coloca a cabeça decapitada num caldeirão enferrujado cheio de sangue, urina e fezes. Depois dois senhores acendem a lareira e colocam o banquete macabro para cozinhar. O governador banha a mesa de sangue e espalha larvas e insetos em cima do corpo decapitado. Todos aplaudem o terrível ritual.
Um deles coloca a cabeça cozinhada sobre a mesa e todos sentam para degustar a janta do inferno. Já é de madrugada, um executivo termina de roer os ossos e pega um saco preto de lixo para jogar fora os restos mortais da criança. Todos limpam o escritório e vestem suas roupas e ternos importados. Ainda ao som da ópera todos se abraçam e se beijam na boca.
O governador abre uma maleta cheia de dólares, dinheiro desviado do setor público, e começa a dividir com os empresários. O ritual termina, todos vão embora em seus carros luxuosos e dois faxineiros chegam para acabar de limpar a grande sala de reunião.
No dia seguinte toda a rotina de trabalho recomeça como se nada tivesse acontecido. Assim segue o sombrio mundo empresarial de muitas das grandes corporações. A falsa moralidade impera com um sorriso amarelo estampado no rosto de senhores executivos e governantes pertencentes a mais alta e nobre classe social.
Todos os dias após meia-noite o mundo corporativo dá lugar a um universo paralelo, onde a maldade comanda, onde os fracos são tratados como lixo e onde a ganância predomina. Enfim, o mundo dos poderosos desumanos, o mundo dos executivos da meia-noite.