sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Texto - O Coveiro e a Gótica


O Coveiro e a Gótica

Numa noite de lua cheia
Sentada no túmulo abandonado
A gótica observa o cemitério.

O que para muitos é uma paisagem mórbida
Para ela é o mais sublime paraíso
O silêncio sepulcral é música para seus ouvidos.

O barulho da cidade é abafado por grandes muros
Lá embaixo, só o coveiro com a enxada
Cavando, cavando e cavando.

Uma forte paixão atinge o coração da triste moça
As flores murchas enfeitam o caminho
Ela desce ao encontro de seu amado coveiro.

Num dia chuvoso e melancólico
O casamento foi dentro do cemitério
Quase ninguém apareceu.

Juntos, o coveiro e a gótica
Cavaram uma enorme cova
Em formato de coração.

Ganharam alguns caixões
E uma Lápide velha e suja
Que belo casal, sintonia perfeita.

Ele a presenteava com lírios brancos
Ela recitava “O Corvo” toda noite
Adoravam Edgar Allan Poe.

Não tiveram filhos
E três anos depois do casamento
Morreram felizes para sempre!


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